quarta-feira, 13 de novembro de 2013

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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O que é Design Inteligente... e o Documento Vazado do Instituto Criacionista

O que é o Design Inteligente?

Se você assume que fomos projetados de modo ‘inteligente’ é inevitável a conclusão de se trata de um serviço muito mal feito, por um designer bastante incompetente, conclusão esta que dificilmente vai agradar um criacionista


Julio Cesar Pieczarka é pesquisador da UFPA - Jornal da Ciência


Tenho notado que sempre que surge a discussão Evolução X Criacionismo, repete-se a mesma situação: os criacionistas atacam a Teoria da Evolução e os evolucionistas tratam de defendê-la.

Na discussão seguinte, repete-se tudo de novo, não trazendo nada de novo e provavelmente aborrecendo quem não está diretamente envolvido na questão, ou seja, a maioria das pessoas. Nada se fala, porém, das propostas criacionistas.

Assim, gostaria de lançar luz sobre o outro aspecto da questão, discutindo o que é o Design Inteligente, quais suas propostas e críticas que se fazem a esta sugestão. Deste modo invertem-se desta vez os papéis, só para variar.

1) O que é o Design Inteligente?

A proposta do Design Inteligente (DI) encontra sua origem no teólogo William Pailey, que em 1831 imaginou o seguinte: se ao caminhar por uma charneca ele encontrasse uma pedra, provavelmente não daria maior atenção a ela, supondo que a mesma se encontra ali desde os princípios dos tempos.

Todavia, se ele se deparasse com um relógio, a coisa mudaria de figura, pois o relógio não é um objeto simples como a pedra. Ele leva imediatamente à idéia do relojoeiro, isto é, de uma inteligência que o projetou.

Assim, a existência de seres e/ou estruturas biológicas organizadas no mundo natural levariam à idéia de uma inteligência superior, provando a existência de Deus. Em linhas gerais, o DI propõe a mesma coisa: o design existe na natureza, levando inevitavelmente à idéia do designer.

A princípio, o designer poderia ser qualquer inteligência desconhecida pelos seres humanos, podendo ser, por exemplo, uma civilização alienígena. Porém, a preferência sempre foi por um Deus do tipo Judáico-Cristão.

Seguindo este raciocínio, a existência de estruturas complexas não seria explicável pela teoria da evolução. Behe (1997) sugere o conceito de Complexidade Irredutível. Seriam estruturas que só funcionariam se todas as suas partes estivessem presentes desde o princípio; portanto, elas não poderiam ser organizadas em um processo passo-a-passo, via seleção natural.

Um exemplo apresentado por Behe é o da ratoeira: se alguma das partes da ratoeira faltar, ela não funciona.

Deste modo, ela não teria surgido pelo aparecimento primeiro de uma parte, depois de outra, etc... pois ela só funciona no final, quando todas as partes estão presentes.

Como ela é inútil nos passos intermediários (não funciona) ela não poderia ter surgido por seleção natural, pois a seleção implica em vantagem em cada etapa.

Ele afirma existirem na natureza casos de complexidade irredutível, dando alguns exemplos, entre os quais o olho e o sistema imunológico. Outra proposta foi feita por Dembski (1998), o qual afirma que o design ocorre sempre que dois critérios são satisfeitos: complexidade e especificação. Complexidade não é o bastante, é preciso uma intenção subjacente, que indica inteligência.



2) Quais as críticas às propostas do DI?

Em primeiro lugar é preciso deixar claro que o design existe na natureza. Efetivamente a mão humana ou o sistema muscular de uma cobra, por exemplo, não são fruto do acaso. Eles desempenham uma função, para a qual foram projetados.

O grande problema com o Design Inteligente não é a idéia de design em si, é o imenso salto epistemológico em supor que este design implica necessariamente em um designer inteligente e consciente.

O design que eles detectam foi ‘projetado’, porém, por um designer não consciente, que atende pelo nome de ‘seleção natural’.

Quando se vai argumentar contra uma teoria é preciso pelo menos conhecer o que ela afirma. Infelizmente, porém, parece que os defensores do DI tem uma visão bastante errónea sobre a Teoria da Evolução, já que eles afirmam ser impossível as estruturas complexas do mundo atual serem explicadas por puro acaso.

Na realidade, um dos poucos elementos casuais na Teoria da Evolução é a mutação, que não surge em função da necessidade imediata do organismo.

No que toca à seleção natural, porém, não há nada de casual. A escolha das formas mutantes que são preservadas de modo algum é aleatória, pois a seleção é a interface entre o organismo e o meio em que ele vive.

Assim, passo a passo, as escolhas são feitas em função do ambiente e das necessidades do organismo. Estruturas paulatinamente mais complexas surgem a partir de menos complexas. Portanto, repito, o design detectado nada mais é que o resultado da seleção natural.

Alguém poderia argumentar que do mesmo modo, poderia ser atribuída a uma inteligência superior esta intenção, de modo que esta sugestão equivaleria à da seleção e, portanto, ambas teriam igual poder e tudo vira uma questão de opinião.

Não é assim, porém. A seleção natural é uma explicação baseada no mundo natural, sem necessitar de lançar mão de uma explicação sobrenatural. Um cientista deve usar a ‘Navalha de Occam’ e optar pela possibilidade mais simples e lógica.

Se uma pessoa opta pela idéia de que o design deve provir de Deus, trata-se de uma opinião dela, mas sem base científica. Deixa de ser ciência e se torna religião (até porque os designos Divinos, bem com a própria existência ou não de Deus estão fora do alcance da ciência, que não pode provar nem que Ele existe, nem que Ele não existe).

Em essência, os defensores do DI, ao detectar design na natureza nada mais fazem que detectar a evolução. O mesmo argumento serve contra Dembski, pois o processo de seleção natural tanto gera complexidade como traz em si o conceito de especificação, pois as estruturas não foram selecionadas ao acaso, mas em função das necessidades de sobrevivência específicas daquela espécie.

Carlos Ruas


O erro, volto a dizer é automaticamente supor que design implica em designer inteligente e consciente. Com relação à complexidade irredutível, efetivamente a ratoeira é um exemplo deste tipo de complexidade e que foi, portanto, projetada de modo inteligente.

Projetada por um ser humano! Mas não há exemplos na natureza deste tipo de complexidade. A literatura disponível sobre biologia molecular contradiz este conceito, ao mostrar que estruturas aparentemente irredutíveis, na verdade, podem ser decompostas em etapas, através da duplicação de alguns genes.

Efetivamente, a duplicação gênica é um fenômeno importante no processo evolutivo, pois enquanto uma cópia do gene continua fazendo sua função, a outra fica livre para sofrer alterações.

Eventualmente estas alterações levam à síntese de proteínas que complementam a função da proteína sintetizada pelo gene original. Assim, é desnecessário, do ponto de vista científico, adicionar um elemento sobrenatural a fenômenos biológicos, uma vez que dispomos de explicações coerentes com o mundo natural.

Por fim, um aspecto que incomoda os defensores do DI (Dembski, por exemplo) é a questão da imperfeição do nosso design. Pigluiucci (2001) pergunta por que temos varises, hemorróidas, dor nas costas e nos pés?

A explicação da Teoria da Evolução é a de que evoluímos para o bipedismo em época relativamente recente, de modo que nosso corpo ainda não está perfeitamente adaptado a esta postura.

Mas se você assume que fomos projetados de modo ‘inteligente’ é inevitável a conclusão de se trata de um serviço muito mal feito, por um designer bastante incompetente, conclusão esta que dificilmente vai agradar um criacionista.

Dembski não encontrou resposta para isso, apenas aceitou o fato de que nosso design não é o ótimo que se esperaria de um Deus Todo Poderoso.

Desde Platão esta questão existe, pois ele sugeria que dado o serviço de qualidade variável, o projetista do Universo não poderia ser um Deus onipotente, mas apenas um Demiurgo, um deus menor, que não tinha capacidade de gerar algo melhor do que nós temos.

3) Qual a origem do grupo que defende o DI?

A conclusão mais evidente é a de se trata de um grupo criacionista, apesar deles negarem enfaticamente. O próprio conceito de Design Inteligente (a existência de uma inteligência que projetou o design) é um conceito criacionista em sua essência, embora não seja o mesmo que afirmar que a Terra tem 6000 anos como supõe alguns criacionistas (contrariando não apenas a Teoria da Evolução, mas também toda da Paleontologia, Geologia e Astronomia).

No entanto a noção de criação é implícita à idéia do DI. Mas vamos aos fatos. Em 1968 a Suprema Corte americana considerou a proibição do ensino de evolução (que perdurou por quase todo o século XX em muitos estados americanos) como inconstitucional, pois o motivo da proibição era visivelmente de fundo religioso e violava o princípio constitucional de separação entre estado e religião.

Os criacionistas no inicio dos anos 70 começaram então a divulgar o conceito de ‘criacionismo científico’, supostamente não religioso e que requeriria pelo menos tempo igual de divulgação em sala de aula da ‘teoria rival’, a evolução (Pennock, 2003).

Algumas leis passaram em alguns estados, mas em 1987 a Suprema Corte, no caso Edwards X Aguillard, decidiu que o criacionismo científico era de fato religião, por atribuir a origem humana a um ser sobrenatural.

Diante desta nova derrota ficou claro que os criacionistas precisavam de uma nova estratégia. Assim, o que eles precisavam era de um grupo, aparentemente independente deles, que:

a) se declarasse não criacionista (para fugir à acusação de ser um grupo religioso), que

b) lutasse por legitimidade científica (para poder ser ensinado em sala de aula), legitimidade esta a ser alcançada por bem ou por mal, tentando arrombar a porta se a mesma lhes fosse fechada, acusando os cientistas de autoritários (como se legitimidade científica fosse brinde que vem em caixa de cereal) e que

c) tivesse por mote combater a Teoria da Evolução, unindo forças com os criacionistas assumidos toda vez que isso fosse vantajoso. Então, no fim dos anos 80 surgiu o movimento DI. Se alguém ler a mensagens postadas no JC e-mail (e nos sites do DI) dos defensores do DI, verá que o comportamento descrito acima é exatamente aquele que eles apresentam (se tiverem respostas do DI a esta mensagem, por favor, atentem para este detalhe).

Carlos Ruas

Estas são evidências circunstanciais. A evidência definitiva vem do documento chamado ‘The Wedge Strategy’, que estabelece as bases do movimento DI.

Este documento era interno do instituto criacionista Discovery Institute's Center for Science and Culture (CSC), mas vazou e foi publicado na internet em 2000 (Pennock, 2003). Uma cópia pode ser encontrada na página (da Universidade do Estado do Arizona)

Ele estabelece que a proposta de que os seres humanos foram criados à imagem de Deus é uma das pedras fundamentais da civilização ocidental e que esta proposta está sendo ameaçada por intelectuais materialistas, como Charles Darwin, Sigmund Freud e Karl Marx.

Assim, o CSC iria reagir, através da construção de uma alternativa às teorias materialistas. Esta construção se chamaria Design Inteligente. O documento estabelece ainda um plano estratégico a ser desenvolvido em cinco anos, compreendendo três fases:

1) Pesquisa, Redação e Publicação;

2) Publicidade e Formação de Opinião;

3) Confrontação Cultural e Renovação.

Como a primeira fase foi um fracasso retumbante (mesmo com generosas verbas para pesquisa), eles passaram direto para a segunda e terceira fases. Pelo menos em um ponto eles acertaram em cheio: ‘Sem argumentação e pesquisa sólidas, o projeto será apenas mais uma tentativa de doutrinar, ao invés de persuadir’.

Espero que os fatos e argumentos aqui apresentados contribuam para uma compreensão mais clara do que é o DI.

4) Sugestões de leitura:

a) Pró- Design Inteligente:
Behe, M. (1997). A Caixa Preta de Darwin. O Desafio da Bioquimica à Teoria da Evolução. Jorge Zahar Editor, RJ.
Dembski, W.A. (1998). The Design Inference. Cambridge University Press, Cambridge, UK.

b) Contra o Design Inteligente:
Pigluiucci, M. (2001). Design yes, Intelligent no.
http://www.csicop.org/si/2001-09/design.html

Pennock, R.T. (2003). Creationism and Intelligent Design. Annual Review of Genomics and Human Genetics 4: 143-163.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Jóias da Evolução: Processos Moleculares 4

15 Variação versus estabilidade

As espécies podem permanecer sem grandes mudanças por milhões de anos, tempo o bastante para coletarmos suas marcas no registro fóssil. Mas elas mudam também, e muitas vezes muito abruptamente. Isso levou alguns a se perguntarem se as espécies - geralmente aquelas se desenvolvendo em trajetórias específicas - guardavam oculto o potencial para a mudança abrupta, soltando uma enxurrada de variação em tempos de estresse ambiental, variação esta
sobre a qual a seleção pode atuar, e que fica encoberta em outras circunstâncias em que não há estresse.

Essa ideia de 'capacidade evolutiva' foi trazida à baila primeiramente por Suzanne Rutherford e Susan Lindquist em experimentos surpreendentes com moscas-das-frutas. Sua ideia era que proteínas-chave envolvidas na regulação de processos de desenvolvimento são 'acompanhadas' por uma proteína chamada Hsp90, que é produzida mais em tempos de estresse. Nessas situações, Hsp90 é sobrepujada por outros processos e as proteínas normalmente reguladas por ela podem circular livremente, produzindo um rebuliço de variação que de outra forma estaria oculta.

Aviv Bergman, da Faculdade Albert Einstein de Medicina em Nova York, e Mark Siegal, da Universidade de Nova York, exploraram se a capacidade evolutiva é restrita à Hsp90 ou é encontrada mais geralmente; seu estudo foi publicado em 2003. Eles usaram simulações numéricas de redes genéticas complexas e dados de expressão gênica de todo o genoma de linhagens de levedura nas quais genes individuais foram deletados. Mostraram que a maioria e talvez todos os genes guardem variação em reserva que é liberada apenas quando são funcionalmente comprometidos. Em outras palavras, parece que a capacidade evolutiva pode ser maior e mais profunda do que se vê na Hsp90.
Referências
Bergman, A. & Siegal, M. L. Nature 424, 549–552 (2003).
Recursos adicionais
Stearns, S. C. Nature 424, 501–504 (2003).
Rutherford, S. L. & Lindquist, S. Nature 396, 336–342 (1998).
Sites dos autores
Mark Siegal: http://www.nyu.edu/fas/biology/faculty/siegal/index.html
Aviv Bergman: http://www.bergmanlab.org
Susan Lindquist: http://www.wi.mit.edu/research/faculty/lindquist.html
Suzanne Rutherford: http://depts.washington.edu/mcb/facultyinfo.php?id=142
Stephen Stearns: http://www.yale.edu/eeb/stearns

Jóias da Evolução: Processos Moleculares 3

14 Resistência a toxinas em serpentes e em clame-da-areia

Os biólogos estão compreendendo cada vez mais os mecanismos moleculares subjacentes à mudança evolutiva adaptativa. Em algumas populações do tritão Taricha granulosa, por exemplo, os indivíduos acumulam o veneno neuroativo tetrodotoxina em sua pele, aparentemente como uma defesa contra a cobra Thamnophis sirtalis. As cobras dessa espécie que predam os tritões venenosos evoluíram resistência à toxina. Através de trabalho exaustivo, Shana Geffeney, da Escola de Medicina de Stanford, na Califórnia, e seus colaboradores descobriram o mecanismo por trás disso; seu estudo foi publicado em 2005. A variação no nível de resistência das cobras à sua caça venenosa pode ser delineada em mudanças moleculares que afetam a ligação da tetrodotoxina a um canal de sódio particular.

Uma seleção similar para a resistência a toxinas aparentemente ocorre nos clames-da-areia (Mya arenaria) em áreas costeiras do Atlântico Norte no continente americano, como relatado por Monica Bricelj do Instituto de Biociências Marinhas da Nova Escócia, Canadá, e seus colaboradores na mesma edição da Nature. As algas que produzem 'marés vermelhas' geram saxitoxina - uma causa de envenenamento por frutos-do-mar em humanos. Esses molucos se expõem à toxina ao ingerirem as algas. Os provenientes de áreas com marés vermelhas recorrentes são relativamente resistentes à toxina e acumulam-na em seus tecidos. Os que vivem em áreas não afetadas não evoluíram tal resistência.

A resistência à toxina nas populações expostas está correlacionada com uma única mutação no gene que codifica para um canal de sódio, num sítio já relacionado à ligação da saxitoxina. Parece provável, portanto, que a saxitoxina age como um potente agente seletivo nos clames-da-areia e leva à adaptação genética.

Esses dois estudos mostram como pressões seletivas similares podem levar a respostas adaptativas similares mesmo em táxons [unidades de classificação] muito diferentes.

Referências
Geffeney, S. L., Fujimoto, E., Brodie, E. D., Brodie, E. D. Jr, & Ruben, P. C. Nature 434, 759–763 ( 2005).
Bricelj, V. M. et al. Nature 434, 763–767 (2005).
Recursos adicionais
Mitchell-Olds, T. & Schmitt, J. Nature 441, 947–952 (2006).
Bradshaw, H. D. & Schemske, D. W. Nature 426, 176–178 (2003).
Coltman, D. W., O’Donoghue, P, Jorgenson, J. T., Hogg, J. T. Strobeck, C. & Festa-Bianchet, M. Nature 426, 655–658 (2003).
Harper Jr, G. R. & Pfennig, D. W. Nature 451, 1103–1106 (2008).
Ellegren, H. & Sheldon, B. Nature 452, 169–175 (2008).
Sites dos autores
Shana Geffeney: http://wormsense.stanford.edu/people.html
Monica Bricelj: http://marine.biology.dal.ca/Faculty_Members/Bricelj,_Monica.php

Jóias da Evolução: Processos Moleculares 2

13 Microevolução vai ao encontro da macroevolução

Darwin
concebeu a mudança evolutiva como um acontecimento dividido em passos pequenos, infinitesimais. Ele os chamou de 'gradações imperceptíveis' que, se extrapoladas a longos períodos de tempo, resultariam em mudanças radicais de forma e função. Há uma montanha de evidências para essas pequenas mudanças, chamadas de microevolução - a evolução da resistência a antibióticos, por exemplo, é apenas um de muitos casos documentados.

Podemos inferir do registro fóssil que mudanças maiores de espécie para espécie, ou macroevolução, também ocorrem, mas são naturalmente mais difíceis de se observar em ação. Porém, os mecanismos da macroevolução podem ser vistos no aqui e agora, na arquitetura dos genes. Às vezes os genes envolvidos nas vidas cotidianas dos organismos estão conectados ou são os mesmos que governam características principais na forma e no desenvolvimento dos animais. Então a evolução mais vulgar pode ter efeitos extensos.

Sean Carroll, do Instituto Médico Howard Hughes em Chevy Chase, Maryland, e seus colaboradores observaram um mecanismo molecular que contribui para o ganho de uma única mancha nas asas de machos da mosca da espécie Drosophila biarmipes; eles relataram seus achados em 2005. Os pesquisadores mostraram que a evolução dessa mancha é conectada a modificações de um elemento regulatório ancestral de um gene envolvido na pigmentação. Esse elemento regulatório adquiriu, com o tempo, sítios de ligação para fatores de transcrição que são componentes primitivos do desenvolvimento das asas. Um dos fatores de transcrição que se liga especificamente ao elemento regulatório do gene yellow é codificado pelo gene engrailed, que é um gene fundamental para o desenvolvimento como um todo.

Isso mostra que um gene envolvido em um processo pode ser cooptado para outro, em princípio conduzindo a mudança macroevolutiva.

Referência 
Gompel, N., Prud’homme, B., Wittkopp, P. J., Kassner, V. A. & Carroll, S. B. Nature 433, 481–487 (2005). 
Recursos adicionais 
Hendry, A. P. Nature 451, 779–780 (2008).
Prud’homme, B. et al. Nature 440, 1050–1053 (2006). 
Site do autor 
Sean Carroll: http://www.hhmi.org/research/investigators/carroll_bio.html